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E quando a gestação passa de 40 semanas?

Antes de mais nada, importante deixar bem claro a definição do que é "gestação a termo". Gestação a termo é aquela que se encontra entre 37 e 41 semanas e 6 dias. Dentro desse intervalo, ainda temos as seguintes subdivisões: - Termo precoce: de 37 semanas a 38 semanas e 6 dias. - Termo completo: de 39 semanas a 40 semanas e 6 dias. - Termo tardio: de 41 semanas a 41 semanas e 6 dias. - Pós-termo: maior ou igual a 42 semanas. Preciso lembrar, ainda, que o cálculo da idade gestacional deve ser feito, preferencialmente, usando como base a data do primeiro dia da última menstruação (DUM) ou ultrassonografia do primeiro trimestre.  Assim, passar de 40 semanas não é problema, uma vez a gestação a termo vai até 41 semanas e 6 dias. As gestações de termo tardio e pós-termo podem estar associadas a alguns riscos, citados abaixo:  - Macrossomia (especialmente fetos com mais de 4500g); - Síndrome da pós-maturidade fetal (risco aumentado de compressão do cordão umbilical devido a oligoid
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Violência Obstétrica

Acho que nunca coloquei aqui meu ponto de vista a cerca da violência obstétrica. Segundo a OMS, o termo refere-se à “apropriação do corpo da mulher e dos processos reprodutivos por profissionais de saúde, na forma de um tratamento desumanizado, medicação abusiva ou patologização dos processos naturais, reduzindo a autonomia da paciente e a capacidade de tomar suas próprias decisões livremente sobre seu corpo e sua sexualidade, o que tem consequências negativas em sua qualidade de vida". A violência obstétrica pode acontecer desde a porta do hospital, quando não é garantido vaga para internação hospitalar ou quando são proferidas grosserias na recepção, mas também em detalhes, como na falta de privacidade nas salas de parto ou barulho em excesso. Muitos acham que a violência obstétrica não se resume a realização de episiotomia ou Kristeller, mas não. Podemos ser violentos nas palavras e nas ações, e isso é muito sutil. O papel de proteger a mulher de violência obstétrica cabe a tod

Dia das mães 2021

Carrego em mim a energia de muitas mães que vieram antes de mim. Em cada célula minha, há um pouco do material genético e cultural de mulheres que, por motivos diversos, tiveram filhos, e por isso aqui estou. Algumas por escolhas, outras por imposição de uma cultura que tanto condena aquelas que não tem filhos. As mães de minha família abriram mão de muitas coisas para que eu fosse o que sou hoje. Minhas avós e minha mãe não fizeram faculdade, nem nunca tiveram emprego fixo, mas se viraram para ter renda extra como puderam. Mesmo trabalhando, ainda cuidavam da casa e dos filhos sem ajuda adicional. Enquanto éramos pequenos, não lembro do meu pai nos ensinando tarefa, nos dando remédio, fazendo festas de aniversário do zero (incluindo os salgadinhos, docinhos e decoração) ou cozinhando os almoços de domingo. Minha mãe não se arrepende (ao menos ela fala que não 😬), mas eu vejo nos detalhes o quanto maternar mudou a vida dela. Se tornar mãe não é somente parir e amar uma criança, mas um

02 de maio de 2021

Hoje, encerram 122 dias de 2021. O que foi feito até aqui? Confesso que entrei no ano de 2021 sem muitas expectativas, sabe? Essa pandemia tirou muito da minha capacidade de fazer planos. Daqui a 13 dias, por exemplo, seria minha festa de casamento, mas adiamos para 2022. Foi o jeito. Apesar dessa desesperança geral, uma coisa ficou forte nesses meses de pandemia: minha vontade de fazer melhor por mim mesma. Vejo isso como um grande ganho! Se há uma coisa que podemos fazer sem medo de ser feliz, essa coisa é cuidar de nós mesmos. No início de 2020, escrevi 04 metas simples, que serviriam de norte para minhas escolhas naquele ano: 1. Parar de roer unhas 2. Autoconhecimento 3. Corpo saudável 4. Mente saudável Escrevi isso no bloco de notas do meu celular e segui a vida. Começou a pandemia e, de vez em quando, eu revisitava esse arquivo. Aos poucos, fui me dando conta de que eram escolhas simples, do cotidiano, que traziam essas metas para algo atingível. Isso permaneceu na minha cabeça..

O que restou da criança que fui?

 Tenho muitas lembranças da minha infância. Minha lembrança mais antiga é de 1990, após o nascimento de meu irmão do meio. Eu devia ter uns 2 anos e meio, e me recordo de minha mãe amamentando-o em uma cadeira de balanço, no canto da sala. Observando aquela cena, minha mãe me ofereceu o peito também e, de pronto, eu soltei um "eca". Mamei no peito de minha mãe até os 4 meses, segundo ela conta. A chupeta, que era minha fiel companheira, larguei no dia em que minha mãe insistiu para que eu trocasse por uma nova, pois a que eu usava estava muito gasta. Preferi ficar sem, a usar uma nova. Podei, muito cedo, minha intempestividade e espontaneidade. No meu aniversário de 5 anos, eu corri e tomei das mãos dos convidados os MEUS presentes. Afinal, para uma criança de 5 anos, os presentes eram as coisas que mais importavam na sua festa. Isso me custou uma represália de minha mãe, que com veemência falou que isso era "falta de educação". Nunca mais esqueci, e por poucas veze

Pandemia COVID-19: parir no SUS.

Sou obstetra e trabalho no SUS. Desde o início de 2020, temos vivido diversas mudanças em nossa rotina hospitalar devido aos cuidados com pacientes suspeitas de infecção pelo novo coronavírus. Essas pacientes devem ficar isoladas, e os profissionais de saúde que as atendem devem usar EPIs (equipamentos de proteção individual) para se protegerem. Cuidar de mulheres grávidas, para mim, tem sido um constante exercício de empatia, pois boa parte do que eu aprendi na minha formação acadêmica é violento, então preciso (re)aprender o tempo todo. As gestantes que buscam atendimento em emergência obstétrica tem uma queixa bem comum: dor. Muitas vezes, são dores que não tem uma causa tratável ou que aliviam com medicação. Muitas vezes, a conversa, o acolhimento, o toque suave e o sorriso já trazem o alívio necessário. São mulheres que estão bastante vulneráveis, por diversas questões. Imaginem, então, pessoas grávidas, com a vulnerabilidade já presente na gestação, apresentando sintomas que poss

Retomando...

Tenho estado bastante pensativa nas últimas semanas. Estamos passando por uma pandemia há cerca de 12 meses, e isso tem me feito mergulhar em águas profundas, andar por terrenos nunca antes desbravados, respirar ares que novos. Estou me descobrindo e isso me assusta. Pois sim: com quase 33 anos, me deparo com alguém que não sei direito como lidar. Surgem dores em meu corpo que não sei de onde vêm, lesões de pele esquisitas, devaneios, ideias. Muitas ideias! Me sinto ansiosa como nunca antes me senti. E o pior: não acho que esse é um problema novo. Na verdade, tudo isso já estava em mim. Sempre esteve! Porém, me parece que veio tudo à tona, junto e misturado, em um ano de pandemia. Feliz sou porque já vinha me preparando psiquicamente através de psicoterapia. Se assim não fosse, nem sei como estaria lidando com tudo agora. Ou talvez até estivesse melhor, pois estaria anestesiada e o que não se sente, não se sofre. Venho acessando lembranças bem interessantes, sabe? Agora, por exemplo, r

pediatria.

O internato do curso de medicina nos dá a oportunidade de passar, durante quatro meses, pelo serviço de pediatria. Em dezembro, estarei no meu último mês desse serviço, mais precisamente na neonatologia, mas já posso, contudo, relatar algumas das minhas impressões a cerca desses meses de experiência. Em primeiro lugar, a constatação óbvia: pediatria não é para mim. Crianças são bonitinhas, fofinhas e cuti-cuti, e por isso morro de caducá-las, mas prefiro devolvê-las às mães em poucos minutos e não ter nenhuma responsabilidade sobre aquelas coisinhas tão bonitinhas, fofinhas e cuti-cuti. São perfeitas, até o momentos em que choram ou ficam doentes. Então, no way. Em segundo lugar, a constatação mais triste: as mães não sabem mais criar os filhos. Gente, o que é isso? As crianças de três anos- eu disse TRÊS - determinam que o jantar será pizza e que no almoço terá coca cola e os pais obedecem. E pior, chegam na consulta dizendo: "meu filho só come besteira, doutora".  É? En

um pote de conselhos.

quando se ama de verdade, você é livre, leve, feliz e generoso. se algum desses sentimentos lhe falta, reveja esse amor. ser humilde é a maior virtude do homem. a melhor religião é aquela que te faz melhor. Deus está em tudo e em todos, basta você querer enxergá-lo. amigos são irmãos que escolhemos. problemas existem para nos tornar melhores, e não para nos destruir. o ponto está em ver o lado bom de tudo! sorrir é o melhor remédio para os piores males. aproveite seu dia para construir algo de bom pelo mundo e pelas pessoas que estão ao seu redor.

tempo.

Lembro que quando eu era mais nova ficava encantada com o passar das horas. Loucura? Não. Eu pensava: agora são 6h da manhã, não sei o que viverei nesse dia, mas no final pensarei em tudo o que vivi como uma lembrança. Acredite: isso me encantava demais! Virou, por um tempo, algo como uma mania, pensar nas coisas dessa forma.  Esse texto não é para falar sobre essa época da minha vida. Na verdade, só foi uma singela introdução desse tema que, pelo visto, já toma meus pensamentos há alguns anos: O Tempo. O tempo é remédio para as nossas dores, é cimento para nossas conquistas, é alívio para as aflições, é consolo para as perdas. É a engrenagem do mundo, que transforma nosso futuro em presente e presente em passado a todo instante, bem diante dos nossos olhos. E poucas pessoas pensam sobre isso. Não é desesperador pensar que cada minuto vivido é único? Que nunca, jamais, haverá outra chance de refazer AQUELE minuto no qual tudo mudou, como diz a música?  Diante da nossa pressa cotidi